

Comigo Ninguém Pode


Ficha Técnica:
Presidente: Miguel Lemos
Carnavalesco: Alexandre Lemos
Intérpretes: Miguel Lemos
Autores do Enredo: Alexandre Lemos e Elídio Jr
Diretor Musical: Leandro Thomaz
Enredista: Elídio Jr
"A Plenitude de Sete Mulheres do Samba:
Luta, Resistência, Poesia e Beleza."
O Desfile
-- alas | -- Alegorias | -- Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira
Ordem do Desfile (Grupo ---)
--º escola a desfilar (---)
Classificação
--
Sinopse


Autores: Alexandre Lemos e Elídio Jr
Carnavalesco: Alexandre Lemos
A Plenitude de Sete Mulheres do Samba
Sinopse:
Mulheres Negras
(Eduardo Facção Central)
Enquanto o couro do chicote cortava a carne
A dor metabolizada fortificava o caráter
A colônia produziu muito mais que cativos
Fez heroínas que pra não gerar escravos, matavam os filhos
Não fomos vencidas pela anulação social
Sobrevivemos à ausência na novela, e no comercial
O sistema pode até me transformar em empregada
Mas não pode me fazer raciocinar como criada
Enquanto mulheres convencionais lutam contra o machismo
As negras duelam pra vencer o machismo, o preconceito, o racismo
Lutam pra reverter o processo de aniquilação
Que encarcera afrodescendentes em cubículos na prisão
Não existe lei maria da penha que nos proteja
Da violência de nos submeter aos cargos de limpeza
De ler nos banheiros das faculdades hitleristas
Fora macacos cotistas
Pelo processo branqueador não sou a beleza padrão
Mas na lei dos justos sou a personificação da determinação
Navios negreiros e apelidos dados pelo escravizador
Falharam na missão de me dar complexo de inferior
Não sou a subalterna que o senhorio crê que construiu
Meu lugar não é nos calvários do Brasil
Se um dia eu tiver que me alistar no tráfico do morro
É porque a lei áurea não passa de um texto morto
Não precisa se esconder, segurança
Sei que cê tá me seguindo, pela minha feição, a minha trança
Sei que no seu curso de protetor de dono praia
Ensinaram que as negras saem do mercado com produtos embaixo da saia
Não quero um pote de manteiga ou de xampu
Quero frear o maquinário que me dá rodo e uru
Fazer o meu povo entender que é inadmissível
Se contentar com as bolsas estudantis do péssimo ensino
Cansei de ver a minha gente nas estatísticas
Das mães solteiras, detentas, diaristas
O aço das novas correntes não aprisiona minha mente
Não me compra e não me faz mostrar os dentes
Mulher negra não se acostume com termo depreciativo
Não é melhor ter cabelo liso, nariz fino
Nossos traços faciais são como letras de um documento
Que mantém vivo o maior crime de todos os tempos
Fique de pé pelos que no mar foram jogados
Pelos corpos que nos pelourinhos foram descarnados
Não deixe que te façam pensar que o nosso papel na pátria
É atrair gringo turista interpretando mulata
Podem pagar menos pelos mesmos serviços
Atacar nossas religiões, acusar de feitiços
Menosprezar a nossa contribuição para a cultura brasileira
Mas não podem arrancar o orgulho de nossa pele negra
Mulheres negras são como mantas kevlar
Preparadas pela vida para suportar
O racismo, os tiros, o eurocentrismo
Abalam mais não deixam nossos neurônios cativos
São narrativas que se cruzam desde que concebemos um Brasil com histórias registradas desde a casa grande e a senzala…histórias de ontem e de hoje. E, assim, ser uma mulher empoderada é ser uma mulher que reconhece o seu papel e a sua importância na sociedade e na vida de outras pessoas. É respeitar as outras mulheres, independente do estilo de vida que elas levam. É encorajá-las, apoiá-las e ajudá-las a descobrirem o seu poder como mulher. Dessa maneira, o empoderamento, ao ser colocado em prática, contribui para o aumento da autoestima feminina e para uma vida melhor entre as mulheres.
Uma mulher empoderada conhece a si mesma. Conhece suas vontades, seus limites, seu corpo, seus planos e sonhos. É ser paciente consigo mesma e compreender o seu processo de desconstrução e crescimento pessoal, além do valor sóciocultural. Assim, ser uma mulher empoderada é ser uma mulher que reconhece o seu papel e a sua importância na sociedade em seu tempo e na vida de outras pessoas. E sim: lugar de mulher é no samba também. A história nos remonta a grandes mulheres guerreiras e que, parir dessa maneira, o empoderamento, ao ser colocado em prática, contribui para o aumento da autoestima feminina e para uma vida melhor entre as mulheres.
Com o caminhar deste gênero musical, que veio a se tornar icônico, mulheres conquistaram novos papéis e assumiram dos mais diversos, muitas vindo a se tornar expressões máximas da cultura das escolas de samba. Com a criação das escolas de samba, um painel caleidoscópico surgiu, e com ele temos diversas Carmelitas, Clelentinas, Lecis, Dodôs, Beths, Elzas, Alciones, Suricas, Nilzes, Rosemeires, Reginas, Teresinhas e Elianas de Lima, Solanges, Vânias e Donas Gugas…dentre outras…
E, em meio ao almanaque do samba, pleno de poesia, luta, força e beleza da mulher sambista, de raiz comunitária algumas se tornaram grandes referências para futuras gerações. E, vasculhando baús de memórias, chegamos a sete deles. Sim, sete! Afinal, sete é o número da perfeição divina: ao sétimo dia sua obra estava pronta…
E é com grande honra que a GRESV COMIGO NINGUÉM PODE, representando todas estas divas do samba, estas mulheres e outras tantas, apresenta o enredo A plenitude de 7 mulheres do samba – Luta, Resistência, Poesia e Beleza.
Ser uma mulher empoderada é tomar suas próprias decisões respeitando suas vontades. É colocar-se no lugar de outra mulher e não julgá-la, praticando a sororidade. Durante o processo de empoderamento, a mulher aprende a respeitar as diferenças físicas, culturais, raciais e sociais de forma que valoriza cada mulher e aprende a entender a representatividade de cada uma.
A presença feminina foi fundamental para a fortificação e a perpetuação do samba. Desde que surgiram os primeiros batuques: é batuque, é batucada, sim! Com a vinda das tias baianas para o Rio de Janeiro, o samba ganhou o acolhimento de que precisava para sair da marginalidade. A figura de Tia Ciata, uma legenda do samba carioca, espécie de grande matriarca do samba, permitia que o samba fosse tocado sem a repressão policial. Suas habilidades rezadeiras e com ervas garantiram trocas de favores inclusive com presidentes da república. Quituteira, Tia Ciata vendia seus doces para ajudar o marido, mas nos dias de samba, candomblé ou carnaval, João Batista não podia contar com a esposa. Em dia de candomblé,
porque, como boa Mãe-de-Santo, ia ver arriar os orixás e levava em sua companhia as filhas Isabel, Pequena e Mariquita, além de louvar sua mãe Oxum…
…Canta no clarão da Lua
Dança no calor do Sol
Todo o ouro se ilumina
Pra saudar Oxum menina
Pois Oxum é Mãe maior
Saravá Oxum menina
Oxum é Mãe maior…
Em dia de samba, ela estava dentro da roda. Quando era carnaval esquecia tudo, porque, foliona de primeiríssima, transformava a sua casa, quer na rua da Alfândega, quer ultimamente na rua Visconde de Itaúna (onde faleceu) em verdadeira Lapinha.
Compositora e maestrina carioca Chiquinha Gonzaga destaca-se na história da cultura brasileira e da luta pelas liberdades no país pelo seu pioneirismo. Corajosa, enfrentou a opressora sociedade patriarcal e criou uma profissão inédita para a mulher, causou escândalo em seu tempo. Atuando no rico ambiente musical do Rio de Janeiro do Segundo Reinado, no qual imperavam polcas, tangos e valsas, Chiquinha não hesitou em incorporar ao seu piano toda a diversidade que encontrou, sem preconceitos. Assim, terminou por produzir uma obra fundamental para a música brasileira. De boa formação escolas, uma de sus aulas aera de piano, o princípio de tudo. Praticar música ao piano, ou até mesmo compor e publicar, não era incomum às senhoras de então, mas sempre mantendo o respeito ao espaço feminino por excelência, o da vida privada. A profissionalização da mulher como músico (e ainda mais aquele tipo de música de dança para consumo nos salões!) era fato inédito na sociedade da época. Sua estreia como compositora se deu com a polca Atraente, cujo sucesso foi mais um fardo para sua reputação. Em janeiro de 1885, Chiquinha Gonzaga estreou no teatro com a opereta A corte na roça, representada no Teatro Príncipe Imperial, ocasião em que a imprensa se embaraçou ao tratá-la – não existia feminino para a palavra maestro. Na virada do século XIX para o XX, Chiquinha Gonzaga criou a marchinha carnavalesca, compondo a música que a popularizaria, Ó abre alas.
…Ó abre alas que eu quero passar
Ó abre alas que eu quero passar
Eu sou da lira não posso negar
Eu sou da lira não posso negar…
Obteve, com isso um reconhecimento eterno, pois o carnaval jamais a esqueceu. e seu trabalho reconhecido em vida, sendo festejada pelo público e pela crítica. Personalidade exuberante, ela foi dos compositores brasileiros a que trabalhou com maior intensidade a transição entre a música estrangeira e a nacional. Com isso, abriu o caminho e ajudou a definir os rumos da música propriamente brasileira, que se consolidaria nas primeiras décadas do século XX.
Grandes mulheres surgiram com sua força identitárias e acabaram se tornando referências. Foi, então, que uma mulher em especial assurgiu neste cenário como o canto do tiê esta mulher não apenas transformou a própria história como foi decisiva na mudança do papel feminino no samba. Dona Ivone Lara. Enfrentou e rompeu o padrão da época, desafiando o machismo das rodas de samba, além da repressão sofrida em casa. Ao se tornar a primeira compositora de samba enredo, ela rompe a tradição de que as mulheres apenas faziam o coro durante desfiles e gravações.
…Carnaval
Doce ilusão
Dê-me um pouco de magia
De perfume e fantasia
E também de sedução
Quero sentir nas asas do infinito
Minha imaginação…
Graças a Dona Ivone Lara, outras mulheres ganharam projeção e respeito no muno do samba. Dona Ivone abriu caminhos para que outras compositoras tivessem a possibilidade mostrar suas obras. Assim, fez da música seu reinado, ampliando deus reinados inclusive para o universo fonográfico.
Ninguém nasce num domingo de carnaval por acaso. Dona Zica, nascida em Piedade, logo se mudou para o Buraco Quente, em Mangueira. Foi onde conheceu, conviveu e se casou com Cartola. Quituteira de mão cheia, mais do que esposa, Zica foi musa inspiradora e companheira dedicada. Mulher de personalidade forte, estimulou a carreira do grande mestre poeta mangueirense. Amor que rendeu grandes versos do nosso cancioneiro:
…Queixo-me às rosas
Mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai…
Sua relação com a comunidade de Mangueira acabaria por transformá-la na grande dama da verde-rosa, exercendo grande influência e liderança para além da comunidade, por todo o samba carioca. Sua dedicação ao samba e o seu feijão conquistaram espaço social e político. Se de início a intenção era servir o famoso feijão, o Zicartola foi se transformando num grande palco onde sambistas se reuniram para uma boa batucada. E grandes nomes passaram por lá, como Zé Keti, Elton Medeiros, Nelson Cavaquinho, Ismael Silva e grandes nomes da Bossa Nova, como Carlos Lyra e Nara Leão.
Cantora, atriz e musicista luso-brasileira, Carmem Miranda, artista de fama internacional, ficou conhecida como a pequena notável. Foi a primeira mulher a assinar contrato com uma rádio no Brasil, onde esbanjava seu “Taí, eu fiz tudo pra você gostar de mim…”. Talentosa para a música e a atuação, construiu uma personagem que vendeu para o mundo uma imagem de uma baiana tropicalista: cores, frutas, texturas e balangandãs garantiram visibilidade e sucesso nas terras do Tio Sam. Quem diria: foi a primeira sul-americana a ter uma estrela na calçada da fama. Foram muitos discos, musicais, filmes. A Pequena Notável teve sua figura diretamente ligada à chamada “Política da Boa Vizinhança”, fator que gerou desconfiança em uma parcela da população e permanece em discussão, inclusive no meio acadêmico, sobre sua influência na “americanização” do Brasil e responsabilidade pela difusão do estereótipo da “república das bananas”. Mas seus sucessos inesquecíveis são plenos de brasilidade… …Mas pra cima de mim, pra que tanto veneno?
Eu posso lá ficar americanizada?
Eu que nasci com o samba e vivo no sereno
Topando a noite inteira a velha batucada
Nas rodas de malandro minhas preferidas
Eu digo mesmo eu te amo, e nunca I love you
Enquanto houver Brasil
Na hora da comidas
Eu sou do camarão ensopadinho com chuchu!…
A mineira guerreira Clara Nunes levou para todo o Brasil imensa beleza contida em composições de artistas populares, consagrados ou não, trazendo “ouro em pó”, como os versos apregoam. Clara foi uma página iluminada no almanaque da música popular brasileira: sem deixar de lado sua fé, rompeu paradigmas, marcando para a posteridade seu manto branco e seu girar quando embalava a todos na melodia de sua voz. Dona de um repertório variado, conhecia muito bem os meandros do samba, chegando a se consagrar como uma das grandes intérpretes do gênero. Conheceu as principais rodas de samba da cidade, subiu os morros e percorria a cidade toda conhecendo compositores. Nestas andanças, conheceu a Velha Guarda da Portela e Candeia, duas paixões que levaria para o resto da vida.
…Portela
É a deusa do samba, o passado revela
E tem a velha guarda como sentinela
E é por isso que eu ouço essa voz que me chama
Portela
Sobre a tua bandeira, esse divino manto
Tua águia altaneira é o espírito santo
No templo do samba…
O mundo do samba se curvava a ela e, com naturalidade, ela conquistava público, crítica e gravadora. Ninguém escapava aos seus encantos. A partir daí, sua carreira decolou e Clara não obteria, nos discos seguintes, nada menos que o sucesso retumbante. Clara era a beleza natural plena de brasilidade: “Canta meu sabiá, voa meu sabiá…Até um dia…”
Sambista fora de qualquer padrão, voz potente, figura forte. Esta é Jovelina Pérola Negra, uma das maiores referências no gênero samba, principalmente pelos idos dos aos 80. Joia rara e negra, verdadeira pérola, Jovelina sedimentou uma carreira tão intensa e bem sucedida que mal se percebia as dificuldades de sua vida cotidiana. O limite era sem parceiro para o bem e para o mal. Herdeira direta do estilo magistral da grande Clementina de Jesus, como esta, também fora
empregada doméstica antes de conseguir visibilidade por meio de sua arte. Integrante do glorioso Império Serrano, Jovelina ascendeu ao cume do samba após a sua estreia em disco em 1985, aos 41 anos de idade. Gravou cinco LPs em apenas quatro anos, entre 1986 e 1989, e consagrou-se no mundo do samba enquanto cantora, compositora e exímia partideira.
De origem humilde, sua história é um testemunho de luta e superação. De empregada doméstica a vendedora ambulante de linguiça, Jovelina nunca desistiu do sonho de se tornar cantora.
…Logo eu com meu sorriso aberto
O paraíso perto, pra vida melhorar
Malandro desse tipo
Que balança mais não cai
De qualquer jeito vai
Ficar bem mais legal
Pra nivelar
A vida em alto astral…
Considerada uma das grandes damas do samba, Jovelina é referência feminina no partido-alto e no pagode.
Cercada pela oralidade das histórias narradas por seus familiares e acostumou-se a percorrer as rodas de samba suburbanas, garimpando o melhor da música para a sua vida e da vida para a sua música: uma arte jocosa e alegre, que festejava a boemia e a malandragem, sem deixar de lado as realidades sociais e políticas com as quais cresceu convivendo.
Sim, sete é pouco, mas não podemos ir além. Com estas mulheres ninguém pode. E a CNP reverencia a todas elas a partir destes ícones de nossa cultura, de nosso samba, da nossa arte mais fina. Porque elas são assim: a plenitude do samba em Luta, Resistência, Poesia e Beleza.
Samba Enredo
Compositores
Marcus Lopes, Abraão do Vai Vai, Thiago Brito, Júnior Barreto e Davison Jaime
Intérprete
Miguel Lemos
LETRA DO SAMBA ENREDO
Desespero do algoz que pretende me calar
Comigo ninguém pode, nada vai me derrubar
Meu ventre há de gerar um bamba
Pra voz do samba perpetuar
Ecoa o som do tambor
Meu batuque tem a cor... Que calou a chibata
E a palma que firma no samba de roda
Mora no colo de Ciata
Batizada na linha de Oxum
Vê no jogo, a realidade
Mulher que provar seu valor
É o espinho da flor da sociedade
Chiquinha, na ponta dos dedos,
Toca a lira da revolução
O mundo não foi cativeiro da sua inspiração
Lala, lauê, lalaiá... Dona Ivone Lara!
Um sorriso, uma voz
Um "sonho meu" pra reviver mais uma vez
Lala, lauê, lalaiá... Dona Ivone Lara!
O seu samba é por nós
Floresce mais uma vez, a negra tez
A força emana do morro, passa pro seu povo
Numa grande mulher...
Que tá no zicartola, veste verde rosa... Dona Zica é de fé
Pequena Notável, tá aí.. sempre gostei de ti
Requebra até de manhã, ó deusa do balangandã
Clara... Força de uma trovoada
Eternamente a sabiá de Iansã e Ogum Beira Mar
Jóia Rara... Levarei pra avenida
Sorriso aberto Jovelina
Pra vida melhorar
O Concurso de Samba de Enredo
"Concurso encerrado."
Samba 01
Compositores: Guilherme Gonçalves
Samba 02
Compositores: João Vidal
O couro do chicote pode ferir minha carne
Mas a dor do corte fortalece a minha alma
"Comigo ninguém pode" sou força contra a opressão
Na luta do dia a dia
Não tem lei de Maria a proteger meu coração
Áurea" falsa liberdade
Que fugiu da igualdade e me jogou para o convés
Mas rasgo toda tirania
Verde e branco na avenida
Pra dizer no pé
Ciata de Oxum à beira do cais
Ergueu um quilombo, reduto de paz
Ora yeye o, mamãe à luz do axé
Piano me diz, me diz quem é
"ô abre-alas" vou passar com a minha cor
"O dom de compor" é coisa de mulher
Quituteira, musa inspiração
"As rosas" que exalam no tom da canção
"Tá aí", a baianinha dos balangandãs
A poesia "notável" aos tantãs
A 'mineirinha' que reluz, clareia
Voa, Sabiá! Que brilhem "pérolas"
Em nome de "Jesus"
Pra saciar a nossa cruz
E as setes certezas do meu coração
Dá licença, eu vou passar!
Não ouse mexer!
Mulher brasileira nasceu pra vencer
Pra firmar o partido, canta na palma da mão
O samba é reza, resistência dessa chão
[
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Samba 03
Compositores: Túlio Rabelo
(Oh mulher) Mulher...
Como é bom te ver feliz
Você é a matriz... da vida
Vem... emana seu poder
E faz valer a sua luta na avenida
Contra todo preconceito
Todo desrespeito... que existe por aí
Se antes a mulher era esquecida
Hoje ela é protagonista
Chiquinha Gonzaga cantou assim
"Ô abre-alas que eu quero passar"
Foi o que fez Tia Ciata
Nossa grande matriarca
Fez o samba germinar (2x)
(Laralara) Dona Ivone Lara...
Um lindo samba-enredo fez
"Os Cinco Bailes do Rio", poesia que jamais esquecerei
E Dona Zica, amor de Cartola
Foi liderança que entrou para a história
Uma "baiana", estilo tropical
Carmem Miranda, estrela internacional
Feito baiana, em sua fé a girar
Clara Nunes, voa voa sabiá
Jovelina Pérola Negra
É a partideira que tocou meu coração
Agora encerro minha passagem
Por essa miragem de magia e gratidão
E hoje canto com alegria e amor
Sete mulheres que ao mundo encantou
A Plenitude do Samba
Alma negra, negra flor
A Plenitude do Samba
Na Comigo Ninguém Pode ecoou
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Samba 04
Compositores: Vinicius Marques, Bruno Ribeiro, Charlton Junior, Luizinho Sampario e Izaias Junior
Da pele preta, do povo, da gente
Quebrando a corrente que te aprisionou
No samba guerreira, na vida faceira
Poder e nobreza, mulher brasileira
Ecoa o grito de igualdade
Dignidade reflete a beleza
Sete estrelas, almas femininas
Palco da vida, a ribalta ilumina
O sonho de Carnaval, a arte de empoderar
Musa, baiana, passista
Poeta, cantora, sambista
Toda mulher tem no peito
A coragem e garra de uma artista
Superam a dor, damas guerreiras
Levantam a cabeça sem perder o tom
Canto e liberdade, percorre a cidade
Seu movimento é cavaco na mão
A voz que o vento traz é joia rara
Vestida de Luz, iluminando a favela
Assim...
"Abrindo Alas, que eu vou passar!"
Dizia Carmem
Vivo a serenar
Do ouro em pó, Portela querida
Legado de Samba no Pé
Se as Rosas não falam
Exalam a força de uma mulher
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Samba 05 - SAMBA CAMPEÃO
Compositores: Marcus Lopes, Abraão do Vai Vai, Thiago Brito, Júnior Barreto e Davison Jaime
Desespero do algoz que pretende me calar
Comigo ninguém pode, nada vai me derrubar
Meu ventre há de gerar um bamba
Pra voz do samba perpertuar
Ecoa o som do tambor
Meu batuque tem a cor... Que calou a chibata
E a palma que firma no samba de roda
Mora no colo de Ciata
Batizada na linha de Oxum
Vê no jogo, a realidade
Mulher que provar seu valor
É o espinho da flor da sociedade
Chiquinha, na ponta dos dedos,
Toca a lira da revolução
O mundo não foi cativeiro da sua inspiração
Lara, lauê, laraiá... Dona Ivone Lara!
Um sorriso, uma voz
Um "sonho meu" pra reviver mais uma vez
Lara, lauê, laraiá... Dona Ivone Lara!
O seu samba é por nós
Floresce a negra tez
A força emana do morro, passa pro seu povo
Numa grande mulher...
Que tá no zicartola, veste verde rosa... Dona zica é de fé
Pequena Notável, tá aí.. senhor gostei de ti
Requebra até de manhã, deusa do balangandã
Clara... Força de uma trovoada
Eternamente a sabiá de Iansã e Ogum Beira Mar
Jóia Rara... Levarei pra avenida
Sorriso aberto que tem Jovelina
Pra vida melhorar
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Samba 06
Compositores: Bruno Pontes
Tenho a força e a beleza
A nobreza é minha raça
Que não se cala
Com mordaça nem chicote
Seu moço preste atenção
Que comigo ninguém pode
Cai a noite, engrandece o pensamento
Não é caso de lamento é preciso respeitar
Toda coragem, a bravura e valentia
De quem luta o dia-a-dia
E não se deixa acorrentar
Lembra do terreiro de Ciata
Os batuques que invadiam as manhãs
Poetisa Chiquinha Gonzaga
A pioneira que arrastou as multidões
Tantas personagens na história
Inspiram o meu caminhar
“O abre alas que eu quero passar”
Lá no palco...
Puxo o verso e abro a roda
“Sorriso negro” que não dá pra disfarçar
Tem magia e feitiço na cartola
Da flor mais linda, Dona Zica a encantar
“Taí” a inspiração
Colorindo toda minha alegria
Canto a emoção
“Voa meu Sabiá, até um dia”
O samba…
É resistência e eu não vou deixar cair
É “joia rara” majestosa
“Só vim mostrar o que aprendi”
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Samba 07
Compositores: Vinícius de Oliveira
Eee Mulher
Semente de força e resistência
Na Praça onze Tia Ciata abençoou meu samba
Da Pequena África ao nobre salão
Ritmo que embala o folião
O piano abre-alas para a pioneira
Chiquinha Gonzaga, Rosa de Ouro não é brincadeira
O tiê canta e anuncia
Enfermeira na linha de frente
Dona Ivone da Serrinha
Sambista independente
Em Mangueira Dona Zica
É encanto e magia
Zicartola palco de batuque e valentia
Artista genial canta a brasilidade
Taí Carmem Miranda
Brasileira de verdade (bis)
Espero encontrar um dia
Meu sabiá
Devota da águia altaneira
No templo do samba
É Clara Guerreira
O sorriso aberto é de Jovelina
Jóia Rara que fascina
Partideira do subúrbio
O sambista canta no trem, na rua, aonde for
E mostra que a sua poesia
Tem valor
Sua poesia tem valor (bis)
Abram-alas
Comigo Ninguém Pode vai passar
Nessa avenida sou mais um bamba
Cantando a plenitude do samba (bis)
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Samba 08
Compositores: Russo e Priscila Bueno
SOU PRETA NA PELE NA ALMA E NA DOR
A DIGNIDADE NÃO TEM COR
SÃO SETE MULHERES A PLENITUDE
SOU NEGRA NA ESSÊNCIA MULHER DE ATITUDE
MULHER CHEGOU A HORA DE MUDAR
MOSTRAR NOSSA RAIZ DO SAMBA
POESIA E BELEZA LUTA E RESISTENCIA DESSA GENTE BAMBA
EU VI DESIGUALDADES INJUSTIÇAS
PRECONCEITOS TÃO RACISTAS
SANGUE DOS MEUS ANCESTRAIS
UMA VOZ UM PODER QUE NÃO CALA
MULHER NEGRA DE FALA NA LUTA DOS DIREITOS SOCIAIS
TIA CIATA JÁ CANTOU PRA OXUM MENINA
SARAVÁ TODO OURO ILUMINA
CHIQUINHA GONZAGA MAESTRA TEM QUE RESPEITAR
¨OH ABRE ALAS QUE EU QUERO PASSAR¨
DONA IVONE LÁRALÁIA COM PERFUME E FANTASIA
COM SEU DOM DE ENCANTAR
DONA IVONE LÁRALÁIA ENFRENTOU TANTAS BARREIRAS
E VENCEU PARA CANTAR
LÁ EM MANGUEIRA
QUEM AINDA SE LEMBRA DO FEIJÃO DO ZICARTOLA
FOI A COMPANHEIRA DE VERDE E ROSA UM AMOR A SUA ESCOLA
VEM PODE PROVAR E SENTIR DO TEMPERO QUE A BAIANA TEM
E VAI MOSTRAR TODO SEU BALANGANDÃ
LÁ NAS TERRAS DO TIO SAM E CANTAR COMO NINGUÉM
DE PÉ DESCALÇO
ENCANTOU UMA MINEIRA
VESTIU O MANTO AZUL E BRANCO EM MADUREIRA
JOVELINA PÉROLA NEGRA A LUTA DE UMA GUERREIRA ENCANTOU
DE SORRISO ABERTO
SUA VOZ NÃO VAI CALAR
SOU COMIGO NINGUÉM PODE NINGUÉM VAI ME SEGURAR!
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Samba 09
Compositores: Gabriel Nunes e Iuri santos
Moço...
Tenho de ser a resistência
Minha herança a pura essência
de viver... romper com o passado
Libertar os corações aprisionados
Que fazem samba com amor... dignidade
Ciata de Oxum, a me embalar
Tambor... africanidade...
Tantas heroínas... feito Chiquinha
Que são da Lira e não vão negar
Dona Ivone Lara... seja dama do meu samba
Revivo um “sonho” divinal.... Cinco bailes, o carnaval...
Serrana é a raiz Imperial
Sobe as ladeiras do morro de Mangueira
Zica, verde e rosa, da Estação Primeira
Eu quero ver você mexer, requebrar
Pequena notável, dos balangandãs...
Abre roda, firma o ponto pra gira
Iansã guerreira, sua filha a “Clarear”...
Clareia... a preta cor clareia...
Pérola Negra... vem sambar
Vem agora... deixa a cadência te levar
Abre caminhos... pisa forte
Eu já falei... Comigo Ninguém Pode
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